A criança interior representa o período inicial da vida humana na Terra, geralmente entre 0 e 12 anos. Nesta fase, ocorrem as primeiras programações parentais e sociais. O ego começa a ser moldado, e as primeiras máscaras sociais surgem, ensinando a viver em comunidade.
Os primeiros anos de vida estabelecem a base da programação individual. Eles determinam padrões de comportamento e a formação do ego. Terapias como a psicanálise, baseadas nos estudos de Freud, afirmam que a infância é a origem de muitos problemas humanos, influenciando o desenvolvimento posterior.

Os Arquétipos Infantis e a Desilusão
No contexto dos arquétipos, as crianças podem assumir dois tipos principais. O arquétipo do sonhador acredita em um mundo, pais e sociedade perfeitos. Já o arquétipo do órfão percebe o mundo como ruim, com pais falhos e uma sociedade negativa, sem possibilidade de mudança.
A criança interior se forma conforme os estímulos do ambiente. Famílias amorosas geram a crença de um mundo bom. Ambientes desajustados ou de violência tendem a formar a percepção de um mundo cruel. Esses padrões se estabelecem na infância e moldam a visão de vida.
O processo de desilusão começa com a percepção da imperfeição dos pais, que antes eram vistos como heróis. Posteriormente, na adolescência, desafios adicionais revelam que nem todas as pessoas são boas. A criança que sonhava com um mundo perfeito recolhe-se, gerando frustração ou tristeza.
As Necessidades Fundamentais da Criança Interior
A criança interior possui duas necessidades essenciais: amor e proteção. Independentemente da idade, estas necessidades básicas permanecem ativas em todo ser humano. A busca por amor e proteção é uma constante ao longo da vida, influenciando comportamentos e decisões.
Quando a criança interior busca amor e proteção exclusivamente no exterior, em outras pessoas ou situações, há uma alta tendência à frustração. A dependência de fontes externas para suprir estas necessidades leva ao desgaste e ao sentimento de desamparo progressivo.
A criança interior, ao longo da vida, pode se apagar se suas necessidades não forem satisfeitas internamente. Isso causa a perda de brilho, vivacidade e curiosidade, tornando a vida adulta mais rotineira e sem prazer. O mundo pode parecer cada vez mais cinza sem essa conexão.

O Papel do Autoamor e da Autocompaixão
A solução para a criança interior está no autoamor e na autoproteção. O adulto, com seu ego maduro, deve amar sua própria criança interior. Isso exige autocompaixão, pois a rigidez e a culpa impedem essa conexão fundamental e o processo de cura.
A autocompaixão permite o autoperdão, removendo camadas de autopunição construídas ao longo da vida. Erros do passado devem ser vistos com a compreensão de que a consciência e as circunstâncias eram diferentes. Perdoar a si mesmo é o primeiro passo para o contato com a criança interior.
Perdoar os outros é frequentemente mais fácil do que perdoar a si mesmo. Os julgamentos internos sobre os próprios erros são persistentes. No entanto, o erro é um mestre na vida, e punir-se por ele significa maltratar a criança interior. A compaixão é essencial para a libertação.
Sobrevivência Material e a Criança Sábia
A criança interior precisa sentir-se segura em relação à sobrevivência material. Ter um lar e alimento na mesa é fundamental. Esta é a lição do chakra básico. Medos como morrer de fome ou ficar desamparado giram em torno da insegurança da criança interior.
A resolução da vida material é o primeiro passo para o desenvolvimento espiritual. Pessoas com preocupações básicas de sobrevivência não possuem tempo livre para reflexão ou meditação. A segurança material acalma a criança interior, liberando energia para outros aspectos da vida.
A jornada da vida leva de uma criança ingênua a uma criança sábia. A criança sábia entende que o mundo não é apenas bom ou ruim, mas ambos. Ela compreende que o amor externo não é suficiente e que a autoproteção e o autoamor são as fontes reais de plenitude.







